Porquê no Kosovo
by RNPD
O que é que justifica o que sucedeu no Kosovo (deveríamos, até, dizer na Sérvia)? O longo processo que levou à criação de um Estado que nunca havia existido como tal, que não tinha qualquer tradição enquanto comunidade independente e singular, e em clara violação do chamado «direito internacional»?
O Kosovo está situado na zona geopolítica mais melindrosa da Europa. Os Balcãs são uma zona fulcral para a estabilidade do Continente, ou, dito inversamente, para qualquer eventual acção de destabilização. Prova-o a própria História.
Por outro lado, o Kosovo está bem localizado face às rotas energéticas europeias.
Acresce que é também uma região particularmente bem situada no seio do espaço de acção geopolítica da Rússia, pelo que reúne, assim, uma importância estratégica suplementar para a hegemonia internacional “ocidentalista”.
Para poder maximizar essas potencialidades estratégicas da região era importante dispor de uma base militar que pudesse funcionar como ponto de apoio. A guerra de desmembramento da Jugoslávia permitiu que isso fosse alcançado, com a subsequente construção de «Camp Bondsteel» no Kosovo, a maior base militar americana implantada no estrangeiro desde a guerra do Vietname, e que está apta a ser expandida e reequipada.
Esta base, para além, da capacidade de controlar a região balcânica, consegue ainda ajudar a projectar a capacidade de acção norte-americana para a região do Mar Cáspio e do Mar Negro, por onde passam (ou passarão) gasodutos e oleodutos fundamentais para diversificar rotas e fornecedores que permitam reduzir a importância da Rússia enquanto fornecedor energético.
Isto ajuda também a perceber a convergência da U.E., e dentro dela, talvez mais destacadamente, da Alemanha. A diminuição do raio de influência russa sobre a “Europa”, ou a oposta expansão do raio “europeu” sobre o espaço geopolítico russo, juntamente com a diminuição da dependência face à Rússia nas rotas, infra-estruturas e segurança do aprovisionamento energético, terá sido encarado como positivo por uma maioria de países e interesses conviventes na U.E.
O Kosovo tem ainda duas características que o tornaram apelativo:
– Sendo uma região bastante pobre é, por consequência, muito dependente da “ajuda” dos seus “aliados” internacionais, o que permite o estabelecimento de uma relação de subordinação face às fontes de financiamento.
– Muitos dos seus dirigentes estão, ou estiveram, ligados a redes mafiosas, sobretudo de narcotráfico (incluindo o actual primeiro-ministro Hashim Thaçi). É, pois, uma sociedade marcada por vastas teias de corrupção com fortes ligações aos poderes políticos.
Estas duas condições ajudam a fazer do Kosovo um excelente protectorado: é economicamente subjugável e dispõe de uma importante oligarquia passível de ser comprada.
A referência à Alemanha é bem vista e levanta uma questão interessante: qual seria a postura daquele país face à independência do Kosovo se à frente do governo ainda estivesse G. Schröder, a seu tempo mais que aliado serventuário de Putin.
«a seu tempo mais que aliado serventuário de Putin.»
…? Não sei por que diz isso.
De qualquer modo, julgo que o desmembramento da Jugoslávia deve muito à Alemanha e à acção do BND.
Porquê no Kosovo?
Para os americanos instalarem lá uma base, que detecte e abata os misseis iranianos a caminho dos EUA.
Eh!Eh!Eh!
D. Corleonne
Caro Rodrigo, porque Schröder aproximou a Alemanha da Rússia, definiu Putin como “um democrata sem mácula” por alturas do apoio deste a Yanukovich durante a Revolução Laranja na Ucrânia, ao mesmo tempo que se afastava (quiçá hostilizava) dos EUA (vidé crise da invasão do Iraque). Com que objectivos? Bem, o facto de actualmente fazer parte do Conselho de Administração da Gazprom é eloquente…
Esqueça. Li Schröder e pensei Kohl. A coisa não estava a jogar.
É isso aí meu xapa, muçulmano no Kosovo dos outros é refresco.