Month: Janeiro, 2009

EU!EU!EU!

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Uma das características mais estranhas, e das mais insuportáveis, da psicologia moderna é talvez a completa confusão entre «ter personalidade» e «exprimir egoísmo e egocentrismo».

Com efeito, hoje, tudo o que possa assemelhar-se a altruísmo, humildade, entrega, abnegação discreta, reconhecimento ou admiração silenciosa é visto como, horresco referens, fraqueza! «submissão». E como todos sabem, toda a «submissão» é indigna e infame, não só quando é imposta mas também quando é escolhida…abjecta pela sua própria natureza, que pretende que o indivíduo reconheça não ser a criatura mais excepcional do universo, semi-deus formidável «que se basta a si mesmo», mas um simples herdeiro de quem serviu, reconhecido ao passado, às suas formas, princípios e valores e, porque não, às personalidades superiores que lhe preenchem os dias.

Doravante, fora de si mesmo, não há salvação! Para existir e brilhar socialmente é conveniente dar nas vistas e fazer barulho afim de se impor no grande carnaval das relações humanas! Qualquer que seja o preço!

É chegado o tempo do homem-sirene!

Para captar um pouco de atenção dessa massa imunda e débil a que chamam «as gentes», é preciso fazer-se notar por todos os meios possíveis, os mais vis, sendo, evidentemente, privilegiados. Torna-se assim vital «distinguir-se», cuspindo na cara do mundo o pequeno escarro da sua «diferença» e «originalidade», evidentemente fictícias, mas que existirão artificialmente durante alguns instantes pelos lamentáveis métodos da «contradição sistemática», do «contra-golpe mecânico» ou da «provocação estéril».

Esta tendência está notoriamente presente no funcionamento quotidiano de uma variedade de pretensos casais em que os membros, em aparente concorrência permanente, não parecem ter outro objectivo do que exibir aos olhos dos outros não o que os aproxima e une mas, pelo contrário, o que os diferencia e separa, cada um querendo provar a todo o custo que a sua formidável (e única!) personalidade não foi minimamente obliterada pela vida em comum. Daí a grotesca e infindável competição a que se entregam estes pares de egoístas, receosos de solidão, que não serão nunca verdadeiros casais. Nada lhes está mais perto do coração do que fazer demonstração da sua suposta «independência» e da sua posição «dominante» no «funcionamento relacional» a que se resume a sua junção mais ou menos efémera.

Assim, as disputas perpétuas, os desacordos públicos e as sempiternas contradições tornaram-se, pouco a pouco, provas de «sanidade», de «vitalidade» e de um «carácter apaixonado», de uma relação conjugal que liga «duas personalidades fortes», quando na verdade não passam de tristes e lastimáveis prolegómenos da derrota inelutável de dois cretinos cheios de egoísmo e pretensão, incapazes de sacrificar a mínima parte dos seus egos hiperatrofiados para criar algo maior e mais digno que a soma das suas duas mediocridades.

Sobretudo não «amar», «servir», «encorajar», «ajudar», «apoiar» ou «seguir» simplesmente o seu cônjuge, mas antes «reajustá-lo», «colocá-lo no seu lugar», «vigiá-lo», «criticá-lo» ou «gozá-lo» (gentilmente, claro! A modernidade está cheia de gente gentil!), para bem demonstrar «que não somos tolos!» e «que não nos deixamos enganar» nem «possuir».

Com as uniões dessacralizadas e tornadas vulgares contratos de tipo liberal, é natural, no fundo, que as relações que daí resultam sejam reduzidas às patéticas gesticulações de um negociador de ocasião que, apavorado pela ideia de passar por ingénuo ou tonto, expõe ele próprio, para se adiantar aos outros, os defeitos e disfuncionalidades do objecto da sua escolha.

Zentropa

Mad props para o Éric

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“É preciso perceber que nem tudo é cultura e que existe uma hierarquia: o rap é uma subcultura de analfabetos…”

Éric Zemmour, no programa televisivo “L’Hebdo” da France Ô, a 12 de Dezembro, sobre o tema: “França, cultura morta ou mestiça?”

cui bono

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O mais recente estudo da Fundación de las Cajas de Ahorros sobre a imigração traz, apesar da sua recorrente simpatia para com o fenómeno, uma conclusão que nos merece destaque – não porque difira do que vimos afirmando há anos, mas porque no actual estado de manipulação dos povos europeus salientar a verdade é um imperativo ético:

– A imigração permite um ajustamento económico pela via dos preços, fruto do estado de concorrência a que ficam sujeitos os trabalhadores mais pobres face aos imigrantes. Dito de outro modo, a imigração permite o controlo das reivindicações salariais dos trabalhadores nacionais menos qualificados e funciona, portanto, como alavanca de um modelo económico assente na contenção salarial.

Há uma fina ironia nisto: A esquerda, que é a grande defensora ideológica da imigração terceiro-mundista para a Europa, pretende, ao mesmo tempo, apresentar-se como campeã dos direitos dos trabalhadores nacionais, os mesmos que as suas posições imigracionistas têm prejudicado!

Sob o signo da Honra e da Pátria

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As Burschenschaften são fraternidades universitárias, com características muito próprias, que se encontram sobretudo espalhadas pelos territórios alemão e austríaco. A primeira foi fundada em Jena, em 1815. Desde a sua fundação foram depositárias e transmissoras de valores de tradição, liberdade e nacionalismo.

Proibidas por Metternisch em 1819 por serem revolucionárias, dissolvidas e transformadas em Kameradschaften (associações de camaradas) pelo regime Nazi em 1935, proibidas, no pós-guerra, pelos aliados na Alemanha Ocidental pelo seu nacionalismo e interditas pelo regime comunista da Alemanha Oriental pelo seu aristocratismo, vítimas, nas décadas de 70 e 80, dos ataques de grupos violentos de extrema-esquerda por serem conservadoras, a história das suas perseguições é também um quadro evocativo do que foram e são.

“Ehre!Freiheit!Vaterland!”, Honra, Liberdade e Pátria, este é o moto que inspira a maior parte destas fraternidades, é a tríade de valores que define o estilo de homem a que ambicionam as Burschenschaften, um homem de coragem física e intelectual, que vive pela palavra dada e pela lealdade à comunidade nacional.

Uma das características que mais celebrizará as Burschenschaften será o seu ritual iniciático, denominado Mensur, um duelo de esgrima disputado de cara descoberta, sem protecção. As cicatrizes daí resultantes, denominadas Schmiss (“sorriso”) constituem motivo de orgulho para os seus portadores, como a marca de um homem de honra!

Para bons entendedores…

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«Em geral, o sistema proteccionista é conservador, enquanto o sistema de comércio-livre é destrutivo. Desagrega antigas nacionalidades e leva o antagonismo entre o proletariado e a burguesia ao ponto extremo. Numa palavra, o sistema de comércio-livre apressa a revolução social. É apenas neste sentido revolucionário que voto em favor do comércio-livre»

Karl Marx, “On the Question of Free Trade”,9 de Janeiro de 1948

Piloto de guerra…

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«Derrota…Vitória…Não sei como me servir dessas fórmulas. Há vitórias que exaltam, outras que abastardam. Há derrotas que assassinam, outras que fazem despertar. A vida não se pode enunciar por estados, mas por iniciativas. A única vitória de que não posso duvidar é a que reside no poder das sementes. Lançada a semente, na amplidão das terras negras, ei-la já vitoriosa. Mas é preciso que o tempo passe para assistirmos ao seu triunfo no trigo.

Esta manhã só havia um exército desmantelado e uma multidão desordenada. Mas tal multidão, quando há uma consciência que a liga, deixa de ser desordenada.. As pedras de uma obra a construir só na aparência são desconexas, quando há, perdido na obra, nem que seja um único homem que concebe uma catedral. Não me inquieta o estrume disperso se ele esconde uma semente! A semente absorvê-lo-á para construir.(…)

O que se deve fazer? Isto. Ou o contrário. Ou outra coisa. Não há determinismo algum do futuro. Que se deve ser? Eis a questão essencial, porque só o espírito fertiliza a inteligência. Torna-a grávida da obra futura. A inteligência conduzi-la-á a bom termo. O que deve fazer o homem para criar o primeiro navio? A fórmula é muito complicada. O navio nascerá, por fim, de mil tentativas contraditórias. Mas o que deve ser esse homem? Agarro aqui a criação pela raiz. Deve ser mercador ou soldado, porque então, necessariamente, por amor das terras longínquas, suscitará os técnicos, arrastará os operários e lançará, um dia, o seu navio! O que é preciso fazer para que toda uma floresta desapareça? Ah! Isso é muito difícil…o que é preciso ser? É preciso ser incêndio!

Amanhã entraremos na noite. Que o meu país exista ainda quando o dia voltar! O que devemos fazer para o salvar? Como enunciar uma solução simples? As necessidades são contraditórias. Importa salvar a herança espiritual, sem o que a raça se verá privada do seu génio. Importa salvar a raça, sem o que a herança se perderá. Os lógicos, na falta de uma linguagem que concilie as duas exigências, serão tentados a sacrificar a alma ou o corpo. Mas quero lá saber dos lógicos! Quero que o meu país exista – no seu espírito e na sua carne – quando o dia voltar. Para agir de acordo com o bem do meu país terei de me esforçar nessa direcção, a cada momento, com todo o meu amor. Não há passagem que o mar não encontre, se tiver força.»

Antoine de Saint-Exupéry, Piloto de Guerra, pp96-98, Publicações Europa-América