Ninguém melhor do que Felipe Botaya, a partir da sua experiência enquanto docente em diversas universidades e escolas de negócio internacionais, para nos explicar a génese e o porquê dessa “novilíngua”, no sentido orweliano do termo, que é a linguagem do Politicamente Correcto (PC). Uma “ditadura com aparência amável”, como a define o resumo do livro de que nos ocupamos, que não consiste somente na substituição de uns termos por outros, mas também na manipulação do conteúdo e conjunto léxico para alterar o significado das palavras e dos conceitos. Pois – tal como também assinala Botaya – “hoje as guerras não se ganham nos campos de batalha (…) ganham-se na mente das pessoas, confundindo e mudando os conceitos, a realidade por aquilo que não é. Quem nos conduz por este caminho, domina os meios de comunicação, a política, as empresas, a grande banca, o sistema financeiro mundial e todos aqueles recursos que movem a sociedade actual”
Botaya acerta em cheio no cerne da questão quando refere – tomando as palavras de Guillaume Faye – que o objectivo final desta linguagem PC é marcar a culpabilidade e maldade intrínseca do homem branco. O livro recorda as palavras de uma das gurus do politicamente correcto, Susan Sontag, uma das gurus do progressismo milionário de esquerdas, lésbica e prémio Príncipe de Astúrias 2003, “o homem branco é o cancro da história”. Curiosa afirmação vinda da esquerda, sempre empenhada em afirmar a não existência de raças.
O Politicamente Correcto tem intrínseca uma categorização social, quase teológica, como se diz na página 48, retomando as palavras do politólogo franco-russo Vladimir Volkoff “o politicamente correcto representa o bem e o politicamente incorrecto o mal. O paradigma do bem consiste em procurar as opções e a tolerância dos demais, a menos que as opiniões do “outro” não sejam politicamente correctas, o paradigma do mal encontra-se nos dados que precederiam a opção, sejam de carácter racial, histórico, social, moral e inclusivamente sexual”
O livro divide-se em duas partes praticamente da mesma extensão. A primeira trata da gestação e difusão do politicamente correcto, termo que nasce no comité central do Partido Bolchevique em 1919. Comité que, em 1925, entregou à sua comissão filológica um dicionário em que apareciam 735 novas palavras, desaparecendo quase 400 e a mais de 2000 muda-se-lhes o significado. Mas, se há que apontar um culpado da elaboração, difusão e imposição de uma linguagem politicamente correcta na Europa ocidental, há que referir a famosa “Escola de Frankfurt”, a ferramenta através da qual se inocula este cancro nas actuais gerações de europeus ocidentais.
A segunda parte são 150 páginas do guia de termos politicamente correctos, que aparece dividido por categorias: pessoas, sexo, animais/plantas/minerais, doenças/deficiências, exército, raças, educação, profissões, festividades, empresas, temas sociais, politicas, fórum 2004 e outros…
De leitura didáctica, dinâmica e divertida, reproduzimos algumas definições, que é o melhor modo de apresentar este novel dicionário:
Identificada com a mulher: Lésbica
Pessoa invisual: Cega
Estimular-se: Drogar-se
Defesa Agressiva: Termo do exército dos EUA para uma ofensiva agressiva.
Apoio Aéreo: Bombardeamento
Deslocados: Deportados, expulsos, refugiados políticos. Termo que faz finca-pé no aspecto temporal da situação
Acção executiva: Assassinato. CIA.
Serviço de Inteligência: Serviço de Espionagem
Exército de libertação: Exército invasor, sobretudo comunista.
Vitória moral: Derrota. Sova completa .
Levar a liberdade ao povo: Invadir, colonizar, espoliar
Afro-americano: Termo “sensível” e politicamente correcto para referir-se aos negros dos EUA
Atelier: Escola. Termo maçónico mas muito progressista
Festas típicas alcoyanas: Festas de mouros e cristãos de Alcoy. Termo “sensível” e não agressivo para os magrebinos, que na realidades são os “bons”
Flexibilidade laboral: Despedimento livre
Zonas urbanas sensíveis: Guetos étnicos formados por imigrantes de diversas origens
Inadaptado: Sem-vergonha. Vagabundo.
Colectivos com risco de exclusão social: Delinquentes de facto ou em potência
Feliz acontecimento: Parto. Parir.
E,claro…
Subsaarianos: Pretos
Recensão de Enrique Ravello