Month: Outubro, 2009

A verdade sobre a nossa liberdade democrática

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No âmbito das recentes comemorações do dia internacional da democracia a World Public Opinion, patrocinada pela União Interparlamentar (organização com estatuto de obervação na ONU) elaborou, em 24 nações de todo o mundo, da Europa, da América, da Ásia e de África, em países pobres e países ricos, uma grande sondagem para perceber como as diferentes populações percepcionavam na realidade o funcionamento das respectivas democracias, independentemente daquilo que a publicidade política oficial e oficiosa vende.

Três resultados merecem nota de destaque.

1- Insatisfação com o grau de liberdade de expressão

Não houve um único país de todos os que foram analisados nesta sondagem onde a maioria da população se considerasse completamente livre para expressar as suas opiniões (as pessoas podiam escolher três opções de resposta: sentiam-se completamente livres para expressarem o que pensam, algo livres ou não muito livres).

Alguns resultados dignos de análise:

Nos EUA, a “land of the free”, suposto paradigma da liberdade, apenas 24% da população se acha completamente livre para expressar os seus pensamentos.

Numa boa parte dos países do “terceiro mundo”, incluindo alguns que os regimes “democráticos ocidentais” gostam de acusar naqueles relatoriozinhos sobre défices democráticos e violações dos direitos humanos, as populações consideram-se mais livres do que as de França, Alemanha e Inglaterra (ou mesmo EUA)!

2- As vozes de oposição não são vistas como podendo expressar de forma justa as suas posições ou influenciar as decisões políticas.

A percepção generalizada, incluindo, nos países ocidentais, é que as vozes opositoras ao governo não têm uma oportunidade justa de se expressarem e tentarem influenciar as decisões políticas. Isto é, manifestamente, resultado de um sistema político cada vez mais dominado pelo acesso aos Media, e em particular às televisões: cada vez mais apenas existem as opiniões que são difundidas nos grandes órgãos de comunicação social. Se esta é a percepção existente face à justiça de tratamento dada às oposições coniventes com o regime, imagine-se o tratamento que é dado às oposições ao próprio regime, ou seja, partidos e organizações cujas ideias sejam contrárias ou divergentes daquelas que são dominantes numa determinada sociedade são completamente ostracizados, não têm possibilidade de expressarem os seus pontos nos órgãos de comunicação de massas e inclusive, na maior parte das vezes em que aparecem nesses órgãos, são vítimas de todo o tipo de distorções, ao abrigo do jornalismo de intervenção mais sujo. É este o caso das organizações que o sistema cataloga de “extremas”, de extrema-direita sobretudo, mas nalguns casos também de extrema-esquerda.

3- Os partidos são vistos como restringindo a diversidade de opinião

Um dos pontos mais importante no que deveria ser, em teoria, o bom funcionamento democrático seria a possibilidade dos parlamentares se poderem expressar livremente mesmo contra a opinião oficial do seu partido. Ora, a percepção na maioria dos países considerados na sondagem é que isso não sucede. Em particular destaque, uma vez mais, os resultados obtidos nos países ocidentais, onde apenas uma pequena percentagem afirma que os membros de um partido são livres de emitirem as suas opiniões, redundando, por isso, num sistema onde as pessoas não pensam mas em que, ao invés, são pressionadas para seguirem o guião das linhas oficiais e predeterminadas das organizações partidárias, como papagaios descerebrados. De resto, há muito que se tornou evidente que os partidos políticos são frequentemente um entrave à liberdade de opinião e ao bom funcionamento democrático…a conclusão é por isso evidente, as sociedades precisam de limitar o poder das máquinas partidárias na sociedade para serem livres. Pelo contrário o que sucede no ocidente é uma partidarização asfixiante da sociedade e das instituições, gerando um clima de unanimidades medíocres ao nível do pensamento, ou mais propriamente do “não-pensamento”.

Conclusão:

Nos regimes democráticos existentes, e em particular no Ocidente, que é mais directamente o que nos interessa, as pessoas não são livres para expressarem as suas opiniões, as vozes e opiniões divergentes estão impossibilitadas de terem o mesmo tratamento das que estão no poder e o caso agrava-se à medida que as opiniões são mais divergentes em relação a esse centro de poder do regime, nomeadamente pelo tratamento que lhes é dado num sistema democrático que é cada vez mais feito do show-off mediático e das aparências. Por fim, os partidos democráticos funcionam como máquinas de restrição do pensamento livre.

É que da propaganda oficial, sobretudo no Ocidente, que gosta de dar lições de moralidade democrática ao resto do mundo, para a realidade, vai uma enorme diferença!

A convergência da esquerda com a superclasse mundial

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Discurso de Jean-Yves le Gallou, a 18-10-2009, na universidade de verão do Club de L’Horloge (publicado pela Fundação Polémia)

*

Estamos habituados a apresentar como opositores o grande patronato e os esquerdistas… mundialistas e alter-mundialistas.

Mas os seus interesses convergem frequentemente, não é de resto por acaso que os “anti-mundialistas” mudaram o seu nome para “alter-mundialistas”, assinalando assim a sua adesão ao mundialismo, apenas sob uma forma diferente.

1-A extrema-esquerda serve de bulldozer à superclasse mundial: procede à desflorestação do arvoredo cultural das nações

O objectivo da superclasse mundial e dos grandes oligopólios financeiros e económicos que constituem o seu núcleo é estender o campo dos seus mercados e lucros. Para conseguir economias de escala e reforçar o seu poder as grandes firmas transnacionais procuram expandir sempre mais a esfera mercantil, têm necessidade de ter sempre mais consumidores e produtores.

É aí que a extrema-esquerda se revela uma aliada preciosa dessa superclasse mundial, contribuindo para varrer o sentimento nacional, o enraizamento cultural, os valores da família.

2-A superclasse mundial quer o livre-comércio mundial. A extrema-esquerda corrói o sentimento nacional

Desde há mais de trinta anos os ciclos de negociações comerciais internacionais sucedem-se com o objectivo de atingir a mais completa livre circulação de produtos (incluindo agrícolas), de capitais (incluindo nos sectores estratégicos) e dos homens.

O obstáculo a este movimento de abertura generalizada das fronteiras são os interesses nacionais. Porque é falso dizer que todos os países e todas as categorias sociais ganham com o jogo do livre-comércio mundial: há ganhadores e perdedores; e, entre as nações da velha Europa, há mais perdedores que deveriam opor-se aos desejos da superclasse mundial.

Do mesmo modo, o patriotismo económico, isto é, a vontade dos povos em conservarem a sua soberania, deveria fazer obstáculo ao livre-comércio mundial.

É aí que a extrema-esquerda se revela um aliado precioso da superclasse mundial, apresentando a ideia de nação como ultrapassada e diabolizando os patriotas. Depois do pico mediático, em finais de 2008, da crise económica, assistimos até à diabolização de toda uma teoria económica, o proteccionismo, apresentado como “xenófobo”, inclusive “racista”.

Continuamos sob a orla do Maio de 68, cujo grande slogan, segundo Daniel Cohn-Bendit, foi “somos todos judeus alemães”, perfeita negação de uma identidade nacional e/ou cristã. Hoje em dia, o sempre narcisista Cohn-Bendit milita pelo livre-comércio mundial no seio do parlamento europeu.

3-A superclasse mundial quer a supressão das fronteiras. A extrema-esquerda apoia os delinquentes estrangeiros clandestinos.

Quanto ao discurso imigracionista que se impôs na política, ele baseou-se nos slogans e cartazes do Maio de 68 :”trabalhadores nacionais/imigrantes: Unidos”, “nacionais/imigrantes: um mesmo combate”, “fronteiras = repressão”. Um discurso que percorre hoje toda a Europa.

No prolongamento disso, a extrema-esquerda investiu muito na defesa dos delinquentes estrangeiros clandestinos. Assim, os trotskistas criaram “redes de apoio social sem fronteiras”, redes que criaram um novo filão de imigração clandestina através da subsidiação dos imigrantes. E isto para maior lucro dos negociadores de sonhos e dos novos negreiros! Os industriais, antes de todos, encontraram nisso mão-de-obra barata que lhes permitiu praticar uma “deslocalização no proprio domicílio”, as classes abastadas encontraram, pela sua parte, criados a baixo custo. Alguns autores de inspiração marxista vêem, é preciso dizê-lo, “na imigração uma estratégia capitalista visando acabar com a espontaneidade histórica das solidariedades proletárias através da diversificação do substrato do ressentimento operário”.

Fruto das lutas da extrema-esquerda , a afirmação dos pretensos novos direitos contra “a exclusão”, como o direito à habitação ou à saúde, permitem mobilizar os poderes de coerção do Estado contra a sociedade e impor sempre maior abertura de fronteiras trazendo novos consumidores para os países desenvolvidos. Note-se que a última universidade de verão do MEDEF (Movimento das Empresas de França) consagrou uma das suas mesas redondas ao tema “quem não recua, avança: a lógica dos novos direitos”.

E esta lógica de abertura infinita não é apenas francesa. Encontramo-la, por exemplo, no ex-terrorista italiano Antonio Negri. No seu livro maior, “Império”, o ex-brigadas vermelhas, transformado em teórico do alter-mundialismo, opõe “Império” (ou seja, a superclasse mundial) à “multidão”, isto é, às massas desenraizadas – massas essas que são justamente o viveiro de consumidores e produtores de que o sistema mundialista tem necessidade, massas desenraizadas que ele propõe aumentar o número pronunciando-se por uma abolição de todas as fronteiras: “é preciso falar (…) da mobilidade universal permitida a todos os imigrantes para que eles possam deslocar-se para onde quiserem no mundo para a reapropriação dos meios de comunicação e a construção imaginária de novas linguagens”.

Antonio Negri define como “primeiro elemento de um programa político para a multidão mundial uma primeira exigência global: a cidadania mundial”, devendo esta ser acompanhada por uma supressão geral das fronteiras.

É pouco surpreendente, nestas condições, que Antonio Negri se tenha pronunciado pelo “Sim” à construção europeia, uma vez que a União Europeia surge-lhe, não sem razão, como mais uma etapa em direcção à mundialização que deseja.

O sem-fronteirismo é um dos elementos da ideologia comum da superclasse mundial e da extrema-esquerda.

4-A superclasse mundial quer uma mão-de-obra permutável. A extrema-esquerda prega a tabula rasa

Para o sistema dominante o homem é concebido como uma matéria-prima (dito “recurso humano”). Ele deve, antes de tudo, ser permutável para as necessidades da oligarquia mercantil. Deve portanto ter quatro características negativas:

– Não ter raízes (nem raça, nem nação, nem religião)
– Não ter um ideal: deve ser um consumidor e um produtor materialista e relativista disposto a engolir todos os produtos lançados no mercado (incluindo os produtos bancários permitindo endividá-lo e, portanto, submetê-lo melhor)
– Não ter religião para além da do seu próprio ego, para ser mais facilmente isolado e, portanto, manipulável
– Não ter personalidade afim de se fundir na massa (deve por isso ser educado de forma puramente técnica e utilitária, sem cultura geral que lhe permita situar-se como homem livre)

Também nisso a extrema-esquerda se revelou uma aliada preciosa da superclasse mundial e do niilismo mercantil. É no domínio da transmissão de valores através da escola ou da família que a herança – curiosa palavra para uma empreitada de destruição – do Maio de 68 permanece mais forte. É suficiente ler os slogans dos cartazes ou dos graffitis para constatar que se tornaram programas :” É proibido proibir” , “o respeito perde-se, não o vás procurar” , “professor, és tão velho quanto a tua cultura”, “esquece tudo o que aprendeste”.

Fundamentalmente o Maio de 68 é uma revolução de ruptura com as permanências e as raízes: permanências culturais, raízes identitárias. Ora, através dos sindicatos de inspiração comunista ou trotskista, é sempre a ideologia da ruptura que domina a educação nacional: ruptura com os métodos de aprendizagem da leitura, ruptura com a história cronológica, ruptura com o ensinamento das humanísticas.

Em muitos países do mundo ocidental o sistema educativo dos “pedagómanos” lança no mercado indivíduos “desaculturados” prontos a engolirem sem espírito crítico a fast-food publicitária.

O ódio à identidade é o denominador comum dos movimentos de extrema-esquerda. Teórico das manifestações dos “fóruns sociais”, John Holloway, irlandês instalado no México, apresenta a sua crítica social como um “assalto contra a identidade”, como a recusa de se deixar definir , classificar, identificar: “ Nós, os não-idênticos, combatemos essa identificação. O combate contra o capital é um combate contra a identificação e não um combate contra uma identidade alternativa”. Ele acusa as “políticas de identidade” de solidificarem as identidades. Vai mesmo mais longe:”o nosso combate não visa estabelecer uma nova identidade mas sim intensificar uma anti-identidade, a crise de identidade é uma libertação de uma multitude de resistências e uma multiplicidade de gritos”.

Um discurso anti-identitário que faz de John Holloway um idiota útil da superclasse mundial que, de resto, acolheu com benevolência os “fóruns sociais”, forma de contestação (?) privilegiada dos anos 1998-2005.

5-A superclasse mundial quer abrir novos campos à produção e ao consumo mercantis. A extrema-esquerda ajuda-a fragilizando a família

“ O capitalismo faz a guerra à família pela mesma razão que combate os sindicatos. O capitalismo quer o colectivismo para si e o individualismo para os seus inimigos” diz Gilbert Keith Chesterton.

A “libertação sexual”, o feminismo militante e a valorização das sexualidades desviantes servem os interesses da superclasse mundial, porque, ao fragilizarem a família, estas ideologias abriram novos campos à produção e ao consumo mercantis:

– Uma nova mão-de-obra feminina assalariada, mais numerosa e mais disponível, inclusive ao sábado e ao domingo; é a destructuração das culturas tradicionais que permitiu fazer do mundo desenvolvido uma vasto supermercado aberto dia e noite;
– Novas actividades para o mercado, como os cuidados às crianças e aos idosos, tornados “serviços à pessoa”, comercializáveis, rentáveis e integráveis no PIB.

A este respeito, aquilo que é apresentado como um crescimento da riqueza produzida nos países desenvolvidos é frequentemente um engodo, por, ao menos, duas razões:

– A imigração contribui em parte para o aumento do número de produtores (logo do PIB) fazendo ao mesmo tempo baixar o rendimento médio por cabeça (é preciso partilhar a riqueza com um número maior de improdutivos);
– Uma parte dos novos serviços disponibilizados às pessoas estavam anteriormente fora da esfera monetária e está longe de ser certo que a sua monetarização aumente o bem-estar das crianças, dos idosos e das famílias.

6-A superclasse mundial teme sobretudo a emergência de correntes identitárias e soberanistas que prejudiquem a dinâmica da mundialização. A extrema-esquerda desempenha um papel de obstrução aos populismos nacionais

A extrema-esquerda desempenha, em toda a Europa, o mesmo papel: denunciar e atacar as forças identitárias e nacionais. Constitui-se em polícia do pensamento por conta da Nova Ordem Mundial. Por toda a parte a extrema-esquerda é um instrumento de pressão sobre os poderes: umas vezes para parar os movimentos de “direitização” dos partidos tradicionais (anos 80) e outras para lutar contra o surgimento do populismo (anos 90).

Adoptando um ascendente moral em nome da luta contra as “fobias” – xenofobia, homofobia, islamofobia – a extrema-esquerda utiliza uma retórica incapacitante contra os valores familiares e nacionais susceptíveis de pararem o desenvolvimento do capitalismo globalizado. Não hesitando em utilizar leis repressivas (“as fobias não são uma questão de opinião, são um crime”), a extrema-esquerda é uma alavanca do poder mediático e judicial, frequentemente executante das baixas obras da superclasse mundial. A intimidação e a sideração são os seus meios de acção privilegiados.

A vitimização das “minorias” sexuais serve de máscara ao velho projecto revolucionário de dissolução da instituição familiar, obstáculo ao império do mercado; e, a coberto de pôr fim a pretensas discriminações ou reprimir intenções homofóbicas, conseguem impedir a expressão dos valores tradicionais. E foi assim que foi expulso da Comissão Europeia o pouco politicamente correcto e muito católico Rocco Buttiglione. Simetricamente, foi assim que foi protegido Frédéric Mitterand, esse “magnífico símbolo de abertura”, segundo as palavras de Nicolas Sarkozy, que escreveu no seu livro “La Mauvaise Vie”:” sexo e dinheiro, estou no centro do meu sistema”.

A extrema-esquerda joga também no registo da provocação: por todo o lado na Europa onde movimentos nacionais identitários ou populistas se desenvolveram, a extrema-esquerda apelou a contra-manifestações, frequentemente violentas, com dois objectivos:

– Conseguir a interdição das reuniões dos movimentos que ameaçam a ideologia da superclasse mundial;
– Conduzir esses movimentos dissidentes a defenderem-se para assegurarem a sua liberdade, com o risco de darem às televisões imagens de violência.

Na revista “Contretemps”, de Setembro de 2003, Anne Tristan, antiga responsável da associação de extrema-esquerda “Ras L’Front” explica o funcionamento dessa organização: utilizar iniciativas espectaculares e contra-manifestações para evitar a banalização do Front National – uma estratégia com benefícios, utilizada também na Alemanha ou Inglaterra, por exemplo.

7-A convergência entre o grande patronato e o projecto societário da esquerda e extrema-esquerda

A extrema-esquerda agrada bastante nas instâncias patronais. São vários os nomes convidados para os eventos das associações patronais.

Evidentemente que os intelectuais de esquerda não comparecem apenas pelo cachet, a sua presença ilustra uma convergência entre o grande patronato e o projecto societário da esquerda e da extrema-esquerda. Implicitamente o discurso patronal é o seguinte: deixem-nos fazer lucros, nós também servimos a nova ideologia dominante, realizamos as políticas ditas de “diversidade” e de “luta contra as discriminações” (com excepção da única discriminação legítima aos nossos olhos, a do dinheiro!).

Também aí esse discurso não é nem totalmente novo nem exclusivamente nacional: desde o fim dos anos 70, os publicitários, muitos dos quais tinham afinidades com os trotskistas, serviram-se do dinheiro dos seus clientes para transformar a sociedade: lembramo-nos das publicidades escandalosas da Benetton a favor da mestiçagem, por um lado, e contra os valores tradicionais, por outro.

A conivência entre a extrema-esquerda e o patronato vai bem para lá dos colóquios: ela diz também respeito às ligações com a imprensa.

8-Em troca dos seus serviços, a extrema-esquerda beneficia da complacência da superclasse mundial

É um sinal que não engana: o acesso aos Media. A extrema-esquerda beneficia aí regularmente de um bom acolhimento em quantidade e qualidade de tratamento.

Este fenómeno é transversal a toda a Europa, a extrema-esquerda beneficia de conivências mediáticas, mesmo quando se dedica a acções violentas contras os movimentos identitários e populistas, o seu papel de cão de guarda da superclasse mundial é bastante apreciado.

As ligações da superclasse mundial à extrema-esquerda não são apenas intelectuais, são também financeiras.

Em França, em 2001, a TFI e o grupo económico Lagardère acorreram a salvar o jornal comunista “Humanité” que se encontrava então em grandes dificuldades financeiras.

A aliança do jornal “Libération”, fundado por Jean-Paul Sartre, e da superclasse mundial é ainda mais espectacular: desde 1993 três grandes capitalistas transnacionais, Antoine Riboud, Gilbert Trigano et Jérôme Seydoux, entraram no capital como accionistas externos e, em 2005, graças a uma nova crise, é Edouard de Rothschild que injecta 20 milhões de euros no “Libération”. A sua entrada em mais de 30% do capital do jornal faz-se com o aval da maioria dos jornalistas.

9-O cosmopolitismo, ideologia comum da extrema-esquerda e da superclasse mundial

Este casamento entre o “Libération” e o grande capital leva a um sorriso enganador, porque ambas as parte actuam, não somente na defesa dos seus interesses próprios, mas também em conformidade com as suas ideias.

O pai de Edouard de Rothschild, Edmond de Rothschild, hoje falecido, foi um visionário do mundialismo. Fundou, em 1974, a secção europeia da Comisão Trilateral, inicialmente criada nos Estados Unidos por David Rockefeller e Zbignew Brzezinsky. É da Comissão Trilateral que provêm hoje os programas mundialistas de Davos. Ora, desde 1970, Edmond de Rothschild havia discernido o essencial, declarando numa longa entrevista à revista Enterprise de 18 de Julho:” a verruga que tem de ser extirpada hoje é a nação”. Ao salvar o “Libération” da falência Edouard de Rothschild prossegue o combate do seu pai.

De facto, a redacção do “Libération” e o seu novo patrão comungam da mesma ideologia: o cosmopolitismo, que postula que as nações são entidades arbitrárias que convém ultrapassar. Como a História já demonstrou, são as oligarquias que adoptam mais entusiasticamente o cosmopolitismo, oligarquias cujos membros se declaram voluntariamente “cidadãos do mundo”: oligarquias mercantis, de um lado, oligarquias culturais, de outro, sonham com um governo mundial.

Neste concerto de cosmocratas, a extrema-esquerda toca a sua partição.

Mas outras temáticas vêm alimentar a ideologia mundialista, em particular o catastrofismo planetário, seja climático ou sanitário.

Abaixo as máscaras!

Caritas in Ruina

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A última encíclica publicada pelo Vaticano, Caritas in Veritate, não parece ter retido a atenção dos observadores. Mesmo a imprensa católica não lhe dirige mais que breves comentários. Trata-se, porém, de um documento importante, mais não seja porque o Papa Bento XVI, falando em nome da Igreja Católica, pronuncia-se pela primeira vez, e sem qualquer ambiguidade, por um governo mundial:

«Urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial, delineada já pelo meu predecessor, o Beato João XXIII (…) Além disso, uma tal Autoridade deverá ser reconhecida por todos, gozar de poder efectivo para garantir a cada um a segurança, a observância da justiça, o respeito dos direitos. Obviamente, deve gozar da faculdade de fazer com que as partes respeitem as próprias decisões (…) O desenvolvimento integral dos povos e a colaboração internacional exigem que seja instituído um grau superior de ordenamento internacional de tipo subsidiário para o governo da globalização e que se dê finalmente actuação a uma ordem social conforme à ordem moral e àquela ligação entre esfera moral e social, entre política e esfera económica e civil que aparece já perspectivada no Estatuto das Nações Unidas.» (§67)

Promulgada no passado 29 de Junho, esta encíclica, esperada há mais de dois anos, insere-se na linha das grandes encíclicas sociais da Igreja: Rerum novarum (1891), Quadragesimo anno (1931), Populorum progressio (1967), Sollicitudo rei socialis (1987) et Centesimus annus (1991). Ela surpreende pela sua extensão (cerca de 150 páginas) e pelo seu carácter heterogéneo, que dá a sensação de ter tido a participação de vários redactores. O texto contém críticas incontestáveis da sociedade de mercado contemporânea, mas estas são de carácter puramente reformista e moral (“podemos fazer um bom ou um mau uso do mercado e da lógica do lucro, sendo que hoje prevalece o mau”) e não são acompanhadas por nenhuma proposição alternativa concreta. O liberalismo e o capitalismo são criticados sem jamais serem citados. O Papa limita-se a dizer que “toda a decisão económica tem uma consequência de carácter moral” e que a actividade económica “ deve procurar a o bem comum”. A teoria do decrescimento é claramente criticada. O Papa mais frequentemente citado (78 vezes) é Paulo VI. Em particular é elogiado por ter conseguido “ a interacção existente entre o élan em direcção à unificação da humanidade e o ideal cristão de uma única família de povos”.

A ideia geral, conforme à doutrina cristã e reafirmada ao longo daquelas páginas, é que “ a humanidade” está em “ processo de unidade”. Essa seria a “verdade da globalização” (§42). Os cristãos devem, por isso, favorecer uma orientação “aberta à transcendência do processo de integração mundial” (§42):

«Numa sociedade em vias de globalização, o bem comum e o empenho em seu favor não podem deixar de assumir as dimensões da família humana inteira (…) para dar forma de unidade e paz à cidade do homem e torná-la em certa medida antecipação que prefigura a cidade de Deus sem barreiras» (§7)

A unidade da espécie humana é assim chamada a transformar-se em “verdadeira comunhão”. Esta “visão optimista e evolucionista do futuro da humanidade conduz o Papa a uma escolha política: o mundialismo” constata Yves Chiron (Aletheia, 10 de Julho de 2009). Em France Catholique (14 de Julho de 2009) Philippe Arondel, por seu lado, exprimiu o seu “mal-estar” com a “utilização de um vocabulário que namora o discurso economicista mais clássico e também o mais contaminado pelo liberalismo dominante”.

Alain de Benoist in Élements, Outubro de 2009

O prémio Nobel do absurdo

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Foram precisos mais 25 anos do que pensava George Orwell para os slogans da sua obra “1984” se tornarem realidade. “Guerra é Paz”, “Liberdade é Escravidão”, “Ignorância é Força”. Eu acrescentaria “a Mentira é a Verdade”.

O comité Nobel atribuiu ao presidente Obama o seu prémio de 2009, o homem que começou uma nova guerra no Paquistão, fez escalar a guerra no Afeganistão, e continua a ameaçar o Irão com um ataque se este não fizer o que o governo americano quer e abdique dos seus direitos de signatário do tratado de não-proliferação.

O presidente do Comité Nobel, Thorbjoern Jagland, disse:” É muito raro que alguém capte a atenção do Mundo e dê ao seu povo a esperança num futuro melhor como fez Obama”

Obama,afirmou entusiasmado o Comité, criou “um novo clima na política internacional”.

Digam isso aos 2 milhões de refugiados paquistaneses e ao número desconhecido de mortos que Obama acumulou nos seus poucos meses de presidência. Digam isso aos afegãos, entre os quais as mortes de civis continuam a aumentar enquanto a “guerra necessária” de Obama se arrasta indeterminadamente.

Nenhuma das políticas de Bush mudou. O Iraque continua sob ocupação. A prisão de tortura de Guantanamo ainda funciona. Raptos e assassinatos continuam a ocorrer. Espiar americanos sem mandatos continua na ordem do dia. As liberdades civis continuam a ser violadas em nome da “guerra ao terrorismo”.

Aparentemente o Comité Nobel padece da ilusão de que, sendo de uma minoria, Obama vai por um ponto final à hegemonia ocidental sobre os povos de pele mais escura.

Os que não são cínicos podem dizer que o Comité está a tentar aproveitar-se da retórica de Obama para o forçar a procurar a paz em vez da guerra. Podemos esperar que resulte. Mas o resultado mais provável é que o prémio tenha tornado verdadeiro o slogan “Guerra é Paz”.

Obama não fez nada para responsabilizar o regime criminoso de Bush e a Administração Obama subornou e ameaçou a Autoridade Palestiniana para a forçar a alinhar com o plano americano-israelita de ocultar o relatório Goldstone da ONU sobre os crimes de guerra israelitas cometidos durante o ataque militar desumano às populações civis desarmadas do gueto de Gaza.

O Ministro Americano da Verdade está a espalhar a propaganda da Administração Obama de que o Irão apenas notificou a AIEA sobre a sua nova instalação nuclear “secreta” porque o Irão percebeu que os serviços de informação americanos haviam descoberto a instalação “secreta”. Esta propaganda é destinada a menorizar o facto de que o Irão respeitou as medidas de salvaguarda acordadas e manter o ambiente para um ataque militar.

O Comité Nobel colocou todas as suas esperanças na cor da pele.

“Guerra é Paz” é agora a posição da organização feminina Code Pink, que era antes contra a guerra.

A Code Pink decidiu que os direitos das mulheres valem uma guerra no Afeganistão.

Quando as justificações para a guerra se tornam quase infinitas: petróleo, hegemonia, direitos das mulheres, democracia, vingança pelo 11/9, negar bases à Al-Qaeda e proteger o país de terroristas – então a guerra passa a ser o caminho para a paz.

O Comité Nobel entregou o prestígio do seu prémio da paz à Novilíngua e ao Duplipensar orwellianos.

Paul Craig Roberts

O anti-racismo, a Esquerda e o Judeu imaginário

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«Vivemos uma situação de abdicação generalizada perante o dinheiro, perante o show-business, perante a moda, perante a economia. E nomeadamente por parte da Esquerda. O anti-racismo é o seu mais recente suplemento de alma. O anti-racismo faz de nós pessoas de esquerda e de bem, apesar de todas as nossas capitulações. Temos uma necessidade incessante do anti-racismo para voltar a dar à nossa identidade algum lustro, para provarmos a nós próprios que continuamos fieis aos nossos princípios no preciso momento em que os abandonamos. Isso parece-me muito perigoso porque isso tende a substituir o anti-racismo de combate por um anti-racismo de identidade.

É preciso que os anti-racistas ricos, que enervam prodigiosamente os que se encontram em situação difícil, não dêem incessantes lições de moral aos pobres! Os pobres estão-se marimbando para as acusações de racismo…perdemos todo o contacto com a realidade. Penso que é preciso olhar para os problemas com humildade. Reencontraremos o sentido da realidade no dia em que a necessidade imporá de verdadeiramente combater o racismo em vez de ver nisso o meio para a esquerda mais comprometida com a modernidade mediática preservar a sua identidade e de se embelezar aos seus próprios olhos (…)

Muitos daqueles que reagem hoje como “judeus imaginários” nunca sofreram qualquer anti-semitismo. Mas essa vitimização dá à sua vida uma espécie de suplemento épico. Vivem à procura de manifestações de anti-semitismo e muitas vezes alegram-se de as encontrar em vez de se desolarem. O que diz o “judeu imaginário”? “Herdei um sofrimento que não me tocava, do perseguido guardei a personagem mas não sofria a opressão, assim podia gozar com toda a tranquilidade um destino excepcional”. O “judeu imaginário” actual recebeu o reforço de toda uma esquerda imaginária, que veio reconfortar-se no anti-racismo enquanto deixou de ser de esquerda face à educação, à economia, ao dinheiro, à indústria cultural. O “judeu imaginário” foi como que absorvido nessa grande esquerda imaginária que entoa o cântico do anti-racismo…»

Alain Finkielkraut, entrevistado por Serge Moati & Jean-Claude Raspiengeas, La Haine Antisémite, Flammarion, 1991, p.214-215, 218. Via Euro-Synergies

Comunismo e capitalismo: uma mesma visão

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«Os ideólogos socialistas e os dirigentes capitalistas das multinacionais têm qualquer coisa em comum: têm do ser humano uma concepção reducionista, empobrecedora e alienante. Para eles o homem é, antes de tudo, um trabalhador, um assalariado, alguém que não existe senão para e através de um emprego; é um instrumento.

Bem entendido, se lhes dizemos isso na cara, responderão que é falso e que não esquecem a “humanidade” de cada trabalhador. Ao dizerem-no, serão talvez sinceros, mas a sinceridade sem lucidez é apenas ruína da alma. Porque o mundo não é feito de intenções, mas de actos. Ora em todos os seus actos, os seus cálculos e as suas decisões, os “chefes de fila” socialistas ou capitalistas (salvo raras excepções nos que podem ter algumas preocupações de ordem filosófica), não vêem cada individuo senão como “força de trabalho” anónima, sem família, sem cultura, sem raízes e, evidentemente, sem pátria.

Sucintamente, eles comportam-se com os homens como os Químicos da industria farmacêutica se comportam com as plantas medicinais quando procuram o seu “princípio activo”, tomando tudo o resto por negligenciável. Ora esse “resto”, representa toda a própria complexidade da vida, quer se trata de plantas ou homens.(…)»

Lance Pierre

No próximo fim-de-semana: Convenção Identitária

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A NovoPress deixa a todos os nossos estimados leitores o programa oficial da Convenção Identitária que se realizará em Orange, França. Esta, organizada pelo Bloc Identitaire, marca a reentré política dos Identitários e estarão presentes várias organizações identitárias de toda a Europa. Em representação de Portugal irá estar a associação Causa Identitária.

Programa:

Orange, sábado 17 de Outubro

9h00: Recepção de todos os participantes

9h30-10h30: Esta é a nossa terra!

Os identitários apropriam-se de novo da sua terra : comércio justo local, jardins urbanos, casas identitárias em zonas rurais. Balanço das experiências já realizadas e de outros projectos em desenvolvimento.

Com a participação de Thibault du Réau (Terroirs et Productions da França), Mickael Prima (Ti Breizh, a casa bretã), Arnaud Naudin (Terroirs parisiens), Arnaud Delrieux (Rebeyne).

10h30-12h30: Globalização ou localismo : que direcção escolher para o próximo século?

Enraizar ou mudar para povo planetário? Economia, ecologia, ideologia, uma discussão com especialistas que marcam a actualidade num debate essencial para o nosso futuro.

Com Philippe Milliau (membro do comité executivo do Bloc identitaire), Jean-Yves Le Gallou (ex-deputado europeu, director da Fundação Polémia), Laurent Ozon (especialista em temas ambientais e de localismo, do movimento Maison Commune).

12h30 -13h30: Almoço

13h30 – 15h00: A França das regiões

E se devolver o sentido e ordem à França implicar a restrição da identidade e liberdade das regiões que a compõem? Uma proposta dos Identitários

Com Jacques Cordonnier (Alsace D’Abord), Philippe Vardon (Nissa Rebela), Richard Roudier (Ligue du Midi) e os coordenadores regionais do Bloc identitaire.

15h-16h: Europa para os europeus, África para os africanos

Para África como para Europa, a imigração massiva é um drama. O diálogo é indispensável para chegar a uma solução.

Com Emile Bomba (presidente da ALCEC – Associação dos Camarões de luta contra a emigração clandestina), Pierre-Antoine Plaquevent (Comité expulsão sem fronteiras).

16h30 -18h30: A Europa das resistências populares

Resistindo à globalização, os povos da Europa levantam a cabeça. Em toda Europa se organiza um movimento de resistência popular precedido pelos êxitos eleitorais da Lega Nord, do Vlaams Belang ou do FPO.

Com Dominique Baettig (conselheiro nacional UDC, deputado no parlamento suíço), Suíça.
Mario Borghezio (deputado europeu da Lega Nord), Itália.
Andreas Mölzer (deputado europeu do FPO), Áustria.
Frank Vanhecke (deputado europeu do Vlaams Belang), Flandres.

Contamos também com a presença de : Josep Anglada (presidente da Plataforma per Catalunya), Eduardo Núñez (presidente da Asamblea Identitaria), Enrique Ravello (director da revista Identidad, España), Diogo Canavarro (Causa Identitária, Portugal) e de Fabrice Robert (presidente do Bloc identitaire), França..

18h30-19h: Kosovo, trincheira da Europa

Estais numa capela ortodoxa. Não muito londe dali, algumas crianças brincam num buraco feito há dez anos pela explosão de uma bomba da NATO. De repente, ouve-se uma canção! Não é um sonho, trata-se da chamada vinda dos auto-falantes do outro lado da ponte, do «seu» lado.
Bem-vindo a Mitrovica, trincheira da Europa.

19h00: Momento de convívio

20h00-23h00: Jantar da Convenção

Domingo, 18 de Outubro

9h00-10h00: A outra juventude

Os jovens identitários apresentam a sua nova campanha: «Nem dourada, nem drogada – enraizada. Aqui está a nova juventude».

Com os representantes do Projecto Apache, da Rebeyne, da Jouinessa, da Jeune Alsace, da Kerkant, da Reconquista, dos jovens identitários de Genebra, da Jovem Bretanha, da Ola Normanda, da Nostra Revolta.

10h00-12h00: Eleições regionais e municipais: que objectivos para os identitários?

Conferências, foruns, perguntas…

Com Christian Chaton (delgação de Haut-Rhin), Richard Roudier (Ligue du Midi), Philippe Vardon (Nissa Rebela), Richard (membro do comité executivo do Bloc identitaire), Claude Jaffres (B.I. Auvergne), Christophe Pacotte (B.I. Aquitaine).

12h-12h30: Discurso final de Fabrice Robert, presidente do Bloc Identitaire

Na Cidade do Sossego…

CIDADE DO SOSSEGO

Este senhor é uma das melhores penas da blogosfera nacional. Uma bagagem cultural acima da média, uma escrita desencantada e acutilante, entrecortada, a espaços, por um humor cínico feito apenas para os que falam a língua da sua Cidade.

Luta e Vitória, Comandante!

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Há 40 anos (NdT: este artigo foi escrito em 2007) morria Che Guevara. Por que é que os fascistas o homenageiam?

Há 40 anos morria Che Guevara. O comandante guerrilheiro havia tentado exportar o fenómeno revolucionário cubano, tanto em África como na América Latina que, sendo ele argentino, considerava no seu todo um pouco como a sua pátria. As chamas de guerrilha deveriam acender a revolução: É essa chama que fascinaria Giangia como Feltrinelli, muito pouco leninista mas romântico e garibaldino.

O Che e os Fascistas

Em quarenta anos o Che foi objecto de todas as desvalorizações, foi reduzido a logótipo publicitário, a símbolo de reconhecimento de tribos urbanas ultracapitalistas. Mas quando morre, ou antes ainda, quando abraçou o seu sonho revolucionário abandonando um ministério em Cuba, Ernesto Guevara podia contar com muitas antipatias, muitas das quais entre os fariseus do seu próprio campo, mas também com muitas simpatias entre aqueles cuja estúpida lógica dos esquemas estáticos via como seus adversários. Quando a demência e a esclerose do dogmatismo à tartufo não estava na moda entre os herdeiros da Revolução Nacionalista, foram muitos a apoiar o Che. Desde Jean Thiriart, fundador da Jeune Europe e do Partido Nacional Europeu, que seria voluntário na Palestina, a Juan Peron. Costui, fascista entre os fascistas, exilado em Espanha depois de ter sido perseguido pela oligarquia clérico-militar ligada a Washington havia estabelecido um pacto estratégico com Fidel Castro e elogiava particularmente o Che cuja luta, segundo o seu parecer oficial, utilizava o marxismo como puro e simples instrumento para um ideal superior. Foi o próprio Peron, último dos estadistas fascistas, a acolher o Che na Espanha franquista – com o beneplácito do caudilho – e a colocá-lo em contacto na Argélia com Boumedienne. De resto, Guevara havia apoiado Peron contra os comunistas poucos anos antes na Argentina e uma das suas acções de guerrilha foi obra dos peronistas. Com o Che vivo a nata do fascismo pós-bélico estava com ele, com o Che morto foram-lhe dedicadas muitas reflexões e algumas hagiografias, como “Une passion pour El Che” de Jean Cau, autor de sensibilidade nacional-socialista.

Brancos ou Negros?

Poderei portanto homenagear o Che no seguimento dos meus ilustres predecessores e sentir-me por isso muito mais fascista do que os fascistas que o denigrem. Mas não seria suficiente nem correcto. Não o quero homenagear só porque os melhores dos fascistas o fizeram mas porque o merece por si. Conheço as objecções, sinto-as continuamente: desde que o fascismo caiu na sombra reaccionária do conservadorismo burguês e perdeu a sua alma – e o seu mais profundo significado existencial e sacro – as banalidades sucedem-se. Uma dessas é que não se pode homenagear o Che, não se pode não ficar contente pela morte do Che, porque ele batia-se para destruir os nossos valores. Nossos? Valores? Brincamos? O Che batia-se por libertar o seu continente da ocupação americana, da opressão oligárquica e das injustiças. Podemos não compartilhar a direcção dada pelo Che à sua luta, o seu posicionamento ideológico e programático, mas não podemos não sentir como nossa a sua luta, e se não a sentimos das duas uma: ou daquela luta não sabemos nada ou enganámo-nos de campo, somos “guarda branca” e não “camisa negra”.

Luta e Vtória

Enfim, não se pode deixar de homenagear o Che porque um homem que abandona cargos, honrarias, dinheiro e privilégios para ir viver para a selva, no meio dos montes, com um punhado de companheiros de luta, passando dias inteiros a pão e água, um homem que sonha e permanece fiel ao seu sonho metendo carne, músculo e nervos ao seu serviço, não pode deixar de ser homenageado. Dita-o claramente aquele sentimento da vida, da honra e do sacro que está na base da visão do mundo que fez grande a nossa antiguidade e a nossa mais recente “primavera”. Aquela ideia do mundo que – do Bhagavad Gita passando pelos sacerdotes das lupercálias, as legiões mitraicas, a cavalaria medieval até aos comandos Werwolf – representou o melhor que a memória do homem recorda e que se condensa na “Doutrina ariana de Luta e Vitória” (que não é a do sucesso tangível mas a da vitória sobre si mesmo)(*). Quem não perdeu o sentido daquele filão não pode deixar de respeitar e homenagear o herói de Santa Clara. Honra ao Che: Luta e Vitória, Comandante!

Gabriele Adinolfi, 9 de Outubro de 2007

(*) Cf. Julius Evola

Os envergonhados

VERGONHA copy

«Por cobardia ou por estupidez, levam a cabo a política dos nossos inimigos. É o inimigo que os define. E eles permitem-no. Conformam-se à imagem desenhada pelo inimigo. Acusam-nos de etnicismo e eles desculpam-se. Acusam-nos de xenofobia, de racismo, de anti-semitismo e eles desculpam-se. Passam a vida a desculpar-se, quais colonizados. A desculpar-se de pensar, de existir, de ser.»

Pierre Falardeau