Month: Julho, 2011

A forma como consumimos é uma arma política e deve ser pensada como tal

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Culpas a China. Culpas a Índia. Culpas a América. Culpas os CEO’s, as petrolíferas, o vago e incoerente “sistema”, os regimes de regulação internacionais, a hipocrisia da esquerda, o moralismo da direita, os educadores, a economia, os teus pais, a tua infância, o teu emprego, a tua conta bancária, a tua saúde mental, o teu governo, tudo e todos menos tu próprio. Acorda! Isto não é uma brincadeira. Isto está realmente a acontecer e o teu estilo de consumo é a principal causa.

In Adbusters #97

Os palonços da islamização

null(Chá no Deserto;pintura de Renato Casaro)

Há uma certa “extrema-direita” que vive obcecada por uma pretensa islamização da Europa. Já por inúmeras vezes explicámos o erro ideológico e estratégico dessa formulação. A eventual islamização de algumas partes da Europa não é o problema, mas sim uma consequência do problema…o problema é a imigração massiva proveniente de fora da Europa, porque sem essa imigração massiva não há islamização, mas o inverso não é verdade: sem islamização continuará a imigração massiva. Centrar o problema no Islão significa formulá-lo numa vertente cultural, o que implica aceitar (eventualmente até estimular) a imigração cujos valores culturais não são incompatíveis com os das “sociedades ocidentais”.Há milhões de africanos, asiáticos e sul-americanos a entrarem na Europa que não rezam para Meca e até frequentam Igrejas.

Nunca se rendam, nunca se verguem, o Kosovo pertence-vos e um dia a Europa será libertada…

Big brothers, vedetas de cinema, Angélicos, Não-sei-das-quantas Ronaldo, Special One, e C& Ltda

«Os meios de comunicação de massas, com o seu culto da celebridade e a sua tentativa de cercá-la de encantamento e excitação, transformaram-nos numa nação de fãs, de frequentadores de cinema. Os “Media” dão substância e, por conseguinte, intensificam os sonhos narcisistas de fama e glória, encorajam o homem comum a identificar-se com as estrelas e a odiar o “rebanho”, e tornam cada vez mais difícil para ele aceitar a banalidade da existência quotidiana. Frank Gifford e a equipa de futebol dos New York Giants “sustentaram, para mim,” escreve Exley, “a ilusão de que a fama era possível”.

Perseguido e, na sua própria visão, destruído por “este horrível sonho de fama”, esta “ilusão de que eu poderia fugir do desolador anonimato da vida” Exley descreve-se a si mesmo, ou ao seu narrador – como sempre, a distinção não é clara – como um vácuo voraz, uma fome insaciável, um vazio à espera de ser preenchido com as ricas experiências reservadas para os poucos escolhidos. Um homem comum em muitos aspectos, Exley sonha com “um destino que é grande demais para mim! Como o Deus de Miguel Ângelo estendendo a mão para Adão, não desejo menos do que estender-me pelos tempos e deixar as marcas dos meus dedos sujos na posteridade!…Nada existe que eu não deseje! Quero isto, e aquilo, e quero – bem, tudo!”. A moderna propaganda do consumo e da boa vida sancionou a gratificação do impulso e tornou necessário para o indivíduo desculpar-se pelos seus desejos ou disfarçar as suas proporções gigantescas. Contudo esta mesma propaganda tornou insuportável o fracasso e a perda. Quando finalmente percebe – o moderno “Narciso” – que arrisca “viver, não só sem a fama, mas sem o eu, viver e morrer sem nunca ter tornado os seus amigos conscientes do espaço microscópico que ocupa neste planeta”, ele experimenta esta descoberta não só como um desapontamento, mas como uma explosão do seu sentido de identidade. “ O pensamento quase me dominou”, escreve Exley,” e eu não podia lidar com ele sem que ficasse insuportavelmente deprimido”.

Na sua vacuidade e insignificância, o homem de capacidades comuns tenta aquecer-se com o brilho reflectido pelas estrelas.»

Christopher Lasch, A Cultura do Narcisismo, pgs 43-44, Imago Editora Ltda