A voragem do capital global contra o Estado-Nação
«As duas características distintivas da globalização são a ascensão do capital transnacional e a supressão do Estado-Nação enquanto eixo do desenvolvimento mundial. As conhecidas alterações na tecnologia, particularmente a revolução da informação e das comunicações, mas também as revoluções nos transportes, automatização, robótica, etc., e aquelas facilitadas pelo marketing e pela gestão, permitiram ao capital conseguir mobilidade global, e através dessa mobilidade o capital tornou-se transnacional.
Cada época na história moderna assistiu a uma expansão sucessiva do capitalismo mundial sobre o modelo existente na época precedente que reforçou as redes transnacionais de relações e quebrou progressivamente as autonomias locais, nacionais e regionais. Cada uma dessas ondas também assistiu ao estabelecimento de conjuntos de instituições que tornaram essa expansão possível. Desde os tratados de Vestefália do século XVII, que consagraram o sistema de Estado-Nação, até à década de 1960, o capitalismo floresceu através de um sistema que gerou estruturas nacionais, instituições e agentes concomitantes. A Globalização, porém, fez erodir progressivamente estas fronteiras nacionais e tornou estruturalmente impossível às nações individuais manterem economias, políticas e estruturas sociais independentes, ou até autónomas. Uma característica chave da época actual é a supressão do Estado-Nação como princípio organizativo do capitalismo.»
In Adbusters nº 95